domingo, 9 de janeiro de 2011

ENCONTROS: MARIO BUCHBINDER  E BUENOS AIRES
 Há encontros que mexem com a gente e parece que o Universo se encarrega de fazer com que eles aconteçam novamente. Foi assim com Mario Buchbinder. Como já relatei aqui, tive a oportunidade de conhecê-lo no Congresso Internacional de Psicodrama e eis que, meses depois, volto a revê-lo em seu espaço, o Instituto de La Máscara. Um encontro breve, mas que me alimentou.

Alimentar...
Acho que é o verbo perfeito para 
descrever meu encontro com Buenos Aires.  
Pude me alimentar de novas cores, lugares, arte, cultura, gestos, movimentos...  



Instituto de La Máscara, espaço de muita vida, trabalho e pesquisa:


"Há um mapa. É um corpo marcado, histórico e erógeno. O corpo percorre uma história tecida de palavras, ações, afetos, contatos, sensações. É um corpo pessoal, individual, e também nesse corpo está o corpo familiar e social. As histórias convivem entre si. É um percurso biológico, relacionado com prazer e angústia, unidade e fragmentação, reparação e destrutividade. A marca, a cicatriz é a mácara.  Esta é o emblema desses percursos. O percurso é a odisséia do corpo."
"Não existe nenhuma atividade humana onde não esteja implicada uma máscara (...). No uso concreto da máscara produz-se imediatamente um efeito de desmascaramento, de desestruturação. Uma conexão com outros aspectos, personagens, papéis. É importante que se permita o jogo com esse outro.  Trata-se de gerar espaços, matrizes imaginárias, para que esses aspectos rechaçados ou reprimidos possam ter lugar...". 

O pós-dramático em Buchbinder: "Estampas [espetáculo que estreou em 1989] se transformou em um gênero. Esses textos são estampas intercambiáveis de tal modo que se alguém destacasse uma página poderia encontrar um texto, e logo outro, e em seguida encontrar ilustrações do século XX e logo outra, da Idade Média. Da mesma forma, com a música, em que de um lado tenho Gardel e, de outro, tenho Beethoven e Charly Garcia. Qual seria a coerência desse conjunto? A do conjunto e da collage. A imagem de uma Bíblia interminável de Borges no Livro de Areia aproxima-se da imagem dessa estética. As máscaras usadas na desestruturação também questionam um tipo de coerência e apresentam outra, a da desestruturação que permite jogar com outras harmonias (...). Essa poética exige (...) um espectador que aceite essa estética no teatro como a aceita (...) na vida. Por exemplo, quando seus pensamentos vagam livremente e você pensa em coisas totalmente diversas. Assim, em uma situação de alegria, você pode estar pensando em algo triste etc. Ou quem está olhando pela janela de um ônibus e vai se defrontando com cenas totalmente diversas, e não lhe parece estranho que assim aconteça no cotidiano. (...) A beleza nessa poética relaciona-se com o poder entrar em harmonia com essa heterogeneidade. É outra harmonia. Relaciona-se com a simultaneidade de cenas que exige outra lógica, além da de causa e efeito, para poder ser compreendida."
Mario Buchbinder em A poética do desmascaramento.

2 comentários:

  1. Textos maravilhosos... profundos... poéticos... tocantes.
    Dá para sentir a força da experiência.
    Beijão
    Coutinho

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  2. SAudades do Mário em sua delicadeza em como conduz o Instituto de la Mascara. Belas fotos Gi.
    Porque eu não estou constando como seguidora do seu blog?

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